Um pouco de nós...
É, com recurso à arte, que começaremos esta breve exposição sobre o projecto, as suas características e potencialidades.
Para chegar ao Monte da Mesquita e, a todas as suas estruturas de suporte e apoio, temos de tomar o rumo das povoações de Arraiolos, as ILHAS, por uma estrada ou por uma Rua, a de Valbom e chegar ao fim de cada um deles.
Então, começa o Monte, que se integrou, perfeitamente, na comunidade humana e social das ILHAS já que, ao longo dos anos, os sucessivos proprietários do Monte, sempre da família Hespanhol, lhe têm feito as seguintes doações de terrenos destinados: à construção da Igreja, aquele onde foi construída uma das escolas das Ilhas, o destinado ao Parque Desportivo e o destinado ao Parque de Jogos e de Recreio infantil e juvenil; nas traseiras da Igreja, emprestado um terreno destinado a pombal para a prática de columbofilia, e, finalmente, o terreno onde foi construído o lavadouro. Os habitantes das Ilhas usaram durante muitos anos, e até à mudança, um tanque de granito com água de nascente, junto à Horta da Mesquita.
Mas voltemos ao recurso à arte para fundamentar o nosso projecto: temos de passar, pois, pelas ILHAS DE ARRAIOLOS, cujas imagens à entrada, quer da estrada municipal (do Castelo), quer da Rua de Valbom, apaixonaram a pintora MALUDA quando, por ali passou numa das suas viagens de Lisboa para Évora. MARIA DE LURDES RIBEIRO (MALUDA) (1934 - 1999).
A partir dos anos setenta do século passado, seguiu uma carreira de pintora que lhe deu um grande prestígio, nacional e internacional.
Em 1978, deu início à famosa série de 39 Janelas, começando com a "JANELA I", de ÉVORA.
Em 1986, pinta "Portela", considerada a sua obra mais importante. José - Augusto França elegeria como um dos "100 Quadros Portugueses do Século XX" (Quetzal, 2001) considerando que "este quadro atinge um carácter icónico, matriz última de uma pintura .
Em 1988 executa o selo Évora Património Mundial que, no ano seguinte, lhe mereceu a de o melhor prémio mundial para o selo.




HERDADE DA MESQUITA (Terra de cultivo e de pastagem de gado ovino)
A HERDADE DA MESQUITA, na sua actividade normal, permite aos hóspedes o acompanhamento e conhecimento da actividade agrícola, participando, quando for a época adequada, em todas as actividades desde o maneio às tosquias do gado ovino e posterior tratamento da lã, na apanha e no tratamento normal subsequente à apanha de azeitona, no plantio ou colheita de produtos agrícolas e frutícolas.
Caso curioso é que esta actividade agrícola remonta a passado remoto, como vemos no seguinte testemunho, com a ortografia actualizada: "Os frutos que os moradores desta vila (Arraiolos) e termo, recolhem com mais abundância são os das searas de trigo, centeio e cevada" Arraiolos 30 de Maio de 1758. Ass.: O Reitor [de Arraiolos] Manuel Carvalho Domingos], Memória Paroquial da Freguesia de Arraiolos, Comarca de Évora."
No Monte da Mesquita, encontra-se a chamada FONTE DA FOME, que vem referida, em 1904, da seguinte forma (em ortografia atualizada): " ... Em Arraiolos há águas minerais que, apesar de não estarem em exploração, se têm aplicado com vantagem para a dispepsia; as do monte do Carrascal, pertencentes a José Mattos Fernandes, e a fonte chamada da FOME, na herdade da Mesquita, pertencente a José Joaquim Franco; para a anemia as da Horta dos Mosqueiros pertencente à viúva Rivara." -Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues - PORTUGAL. Diccionario Historico, Chorographico, Heraldico, Biográfico, Numismatico e Artistico. João Romano Torres -Editor. Lisboa 1904, pág. 744, 1ª coluna.

AS ILHAS E A ECOPISTA COMO DELIMITADORES DO MONTE DA MESQUITA
O Alentejo padeceu, desde sempre de um despovoamento notório e em que se incluem, naturalmente Arraiolos e as Ilhas. Vejamos uma referência já de 1758: "... Esta Vila de [Arrayolos] tem só a paróquia da Igreja Matriz (...) tem esta freguesia três aldeias para a parte do nascente chamada uma a Ilha Grande, tem quarenta e três vizinhos, e a outra chamada Valbom tem quinze vizinhos, as herdades e fazendas pertencentes a esta mesma freguesia tem cinquenta e dois vizinhos. " . Memória paroquial da freguesia de Arraiolos, Comarca de Évora. A.N.T.T. Memórias Paroquiais, vol. 5, nº7, págs. 590 a 604.
Já em 1755 se escrevia: "... Esta Província (do Alentejo) foi escolhida sempre para teatro de guerra, nas que sucedem mover-se com a Coroa de Castela, por razão, da sua largueza, fertilidade e importância, e porque em nenhuma outra do Reino subsistem os exércitos com tanta comodidade, como nela. Por esta causa a povoação dos seus campos é muito menor que a das outras Províncias, fugindo a gente pobre, e camponeses do estrondo militar, e da pilhagem das tropas amigas e inimigas. (...)." António de Oliveira Freire - Descripção Corografica do Reyno de Portugal. Lisboa na Oficina de Bernardo António da Oliveira, ano de 1755.pág. 129
Sobre o povoamento de ILHAS, pela deslocação para esse local de colonos: Pina Manique teve a noção exacta do préstimo das iniciativas que valorizam a fixação do homem ao local onde nasceu ou dar-lhe um lugar que fique para sempre seu e de seus herdeiros. E só o desenvolvimento da agricultura resolveria o problema da emigração.
"...Encaminhou para a província do Alentejo a corrente de emigração dirigida para o Brasil. Os Açores estavam em crise de desemprego generalizado [na agricultura] e mandou vir quatrocentas e cinquenta famílias, incluindo duas mil e trinta e três pessoas de ambos os sexos. Distribuíram-se por Setúbal, Ourique, Beja, Évora [incluindo as Ilhas], e Portalegre. Forneceu-lhes alfaias agrícolas e repartiu com eles as terras aráveis." - Eduardo de Noronha, Pina Manique O Intendente de ante quebrar ..., Livraria Civilização, Porto. 1940, pág. 1940.
Ainda sobre o povoamento das Ilhas, recordamos ainda, um caso do fim do século XVIII: Pina Manique, fundou a povoação de Alcoentrinho, no termo de Santarém, tendo repartindo terras e habitações a casais de moradores; em recompensa dos serviços prestados na defesa da estrutura tradicional do País, D. Maria mudou-lhe o nome para Manique do Intendente, que ainda perdura. Dicionário de História de Portugal, pág. 479, 480 e 481.
Sobre Arraiolos e a sua história, a Câmara municipal de Arraiolos tem feito, ao longo dos anos um notável e coerente esforço de editar livros e outras publicações sobre todo o património desta terra que toda ela, sem excepção é um centro histórico por excelência. O seu esforço para o restauro de monumentos e outros locais histórico, deveria constituir um exemplo para outras autarquias.
Não queríamos, no entanto, deixar de assinalar um facto, talvez o mais importante para Arraiolos: esteve, até à implantação da República (1910) integrada na Casa de Bragança, dinastia até então reinante.


HISTÓRIA DOS CONDADOS EM PORTUGAL
Em Portugal só houve, em todos os tempos, três CONDADOS: (além do Condado Portucalense, que deu origem a Portugal):
CONDADO DE BARCELOS - O condado mais antigo foi o de Barcelos, criado por D. Dinis e doado a D. João Affonso Tello de Menezes, seu mordomo - mor. Deu-lhe, igualmente, o título de conde de Barcelos, por carta de 8 de Maio de 1298. Foi assim o primeiro condado territorial.
CONDADO DE OURÉM - O Condado de Ourém foi criado pelo rei D. Fernando, sendo primeiro Conde, também, D. João Affonso Tello de Menezes, por carta passada em Santarém, a 5 de Janeiro de 1370. O 3º Conde, foi D. Nuno Álvares Pereira, devido aos serviços prestados na Batalha de Aljubarrota, continuando como Condado territorial.
CONDADO DE ARRAIOLOS - D. João I doou Arraiolos a Fernão Álvares Pereira, irmão de Nuno Álvares Pereira e, por morte deste, Arraiolos foi dado, como Condado, a D. Nuno Álvares Pereira, em 1387.
Em 1422, D. Nuno Álvares Pereira, doou a Vila, com outras terras, a seu neto, D. Fernando, ficando deste modo o título de Conde de Arraiolos (e respectivo Condado), incorporado na Casa de Bragança.
Daí o podermos afirmar
que os três condados, eram as terras mais "importantes" e cobiçadas do Reino de
Portugal e que os seus tinham assento nas Cortes. E, por isso, também devem
estar orgulhosos todos os Arraiolenses. No caso de ARRAIOLOS, devido a essa
situação, "Os Arcebispos d' Évora são os
priores e apresentavam o reitor
". Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues
- PORTUGAL. Diccionario Historico, Chorographico, Heraldico, Biográfico,
Numismatico e Artistico. João Romano Torres -Editor. Lisboa 1904, pág. 743, 1ª
coluna